uma tarde de domingo # 19
Ela sentia-se triste.
Fui a casa dela dar-lhe
Desabafos que teve comigo, era preciso que ela saísse de casa.
Sugeri darmos um passeio pelo centro histórico, evitando passar nas ruas que tinham muita gente.
Andamos pela zona da Sé. E entramos na catedral..
Estava a começar a homília.
Já não me lembrava de ouvir uma homília tão sensível, tão real, tão actual.
O padre falou das pessoas doentes de cancro; dos idosos que querem morrer porque os filhos não os visitam, não querem saber deles; dos doentes paliativos; dos doentes em cuidados intensivos; da necessidade que há de as famílias e os amigos se aproximarem destes doentes e ajudá-los, dando-lhes companhia, alento,coragem para lutar.
Ela, ao meu lado, baixou a cabeça. Percebi que chorava.
As lágrimas vieram aos meus olhos, tentei evitar que caíssem pelo rosto.
É que uma das frases que o padre disse, tocou-nos às duas.
" A medicina está muito avançada. Hoje, há medicamentos que tiram as dores físicas. Mas as dores da alma ficam".
Foi um aperto nos nossos corações,
Não ficamos para assistir à missa.
Saímos pela lateral, cantava-se o fado de Coimbra.
Ela esteve um ano a estudar em Coimbra. Adorava a cidade. Adorava Fado de Coimbra.
Só ouvimos dois,estava no final.
E um foi dedicado ao Minho.
Despedimo-nos com um abraço.
Cada uma de nós foi para casa mais libertas, mais serenas.