uma fruta mordida # 20
detesto que depois de mordida a peça de fruta que estou a comer, me peçam uma trinca.
eu não o faço.
mas nos dias que correm, nem sempre dou a mordida que outrora dava.
hoje, lavo a fruta, e quando vou comê-la, tiro a casca.
mas numa recente ida ao mercado municipal, comprei, à habitual vendedora de legumes, umas pêras, que ela me garantiu serem muito boas, que caía o sumo pelo mãos de tão sumarentas e boas que eram, que aquelas eram as últimas, não teria mais para vender.
e em casa, depois de bem lavadas, e com a casca, dei uma dentada.
maravilhosas!
fizeram-me voltar atrás no tempo, onde, numa parte do terreno junto à empresa do meu avô paterno, tinha várias árvores de fruto: pessegueiros, pereiras, macieiras.
a fruta era tão boa, tão boa, que, no caso das pêras e dos pêssegos, o sumo escorria pelo braço abaixo.
a semana passada, voltei ao mercado municipal, falei-lhe das pêras, respondeu-me ( tratando por tu):
- vistes! eu disse-te que pêras como aquelas não encontravas. e desconfiaste de mim!