Um momento de coragem # 3
Estrada da Póvoa de Lanhoso - Braga, 17h30 da tarde, a chuva caía há mais de meia hora, meti-me a caminho de casa naquele dia de inverno, noite escurada carga de água que caíra um pouco antes de me meter a caminho de casa.
A estrada estava completamente encharcada, não se via nada, nem as linhas separadoras das vias da estrada.
O trânsito no sentido Braga- PVL não existia, mas nós precisávamos de chegar a casa.
Conduzia a 20 à hora, os meus olhos colados ao pára-brisas. Confesso que estava cheia de medo.
A minha colega de viagem estava pior que eu, dizia que não conseguiríamos chegar a Braga, talvez fosse melhor encostarmos à berma,numa das rectas da estrada, até passar algum carro que servisse de "guia".
Mas eu continuava,devagar, muito devagar.
Quando chegámos a Braga por todo o lado via-se água, água, água.
No túnel junto ao hotel Meliã, que eu esperava ver entupido, circulava-se bem para quem ia para o centro.
Do outro lado da faixa, junto à rotunda um rio de água seguia o seu percurso, frenético.
Na minha faixa estava mais calmo, até ao momento em que me aproximei da ponte por cima da rotunda, e um grande lago de água fazia com que os carros ficassem na fila para contorná-la, talvez porque se sentissem mais seguros.
Eu teria de a subir, porque era o meu caminho, mas não via nenhum carro fazê-lo, até que, de repente, vi uma viatura sair da fila, fez viu-se um splash de água por todo o lado, subiu a ponte.
"Se ele conseguiu, eu também consigo", comentei com colega.
Senti algum receio, a minha colega pedia para não a subir, não sabíamos como estaria do outro lado.
Enchi-me de coragem, passei aquele grande charco de água com muito cuidado e, devagar, subi a ponte.Quando a descemos, do outro lado da via o trânsito estava parado, e para nosso alívio não havia qualquer charco de água quando chegamos ao fim da descida.
"Foste corajosa meteres-te ao caminho, conduziste com cuidado e segurança, atreveste-te a subir a ponte. Oxalá nunca mais aconteça uma tempestade como esta, mas contigo estou segura." comentou.
Semáforos desligados, meti por uma rua com menos trânsito para deixar a colega no centro da cidade. A chuva parara, deixei-a no cruzamento da avenida e meti por outra, praticamente sem trânsito, e que dá acesso à minha rua.
Um suspiro de alívio, quando cheguei a casa.