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o outro cantinho da Maria

este cantinho é um complemento ao cantinho da casa onde publicarei as minhas leituras, os desafios e as minhas fotografias.

o outro cantinho da Maria

06
Nov21

o outro texto

Maria Araújo

e a imagem que seria da semana passada, do desafio da Fátima.

imagem.jpg

Recebera de presente de aniversário um quadro de Almada Negreiros que para ela simbolizava a sua profissão, a sua altivez, a sua forma de conquistar os homens.
Modelo de profissão, viajava pela Europa e América, conhecia os bastidores da moda, a invejas de umas colegas, as fraquezas de outras, a superioridade de algumas.
Desfilar não era difícil, difícil era o que se passava antes, na preparação do desfile. Ela sentira isso, durante muito tempo. Mas a experiência também lhe dizia que as horas de ensaio, da maquilhagem e dos penteados, valiam o esforço. Era paga , e bem paga, para isso, embora a vontade de descansar, por vezes, fosse mais forte. Tinha alturas que aterrava em Paris, ou Milão, wherever, acabava o desfile, entrava noutro avião para Nova Iorque, Rio , enfim, o mundo da moda não parava.
Era uma mulher bonita, moderna, confiante, sedutora e altiva, gostava de flirtar os homens, mas nunca se apaixonara por nenhum. Nem tinha tempo, pensava ela.
Numa semana de descanso, antecipou a viagem para o Brasil, ia desfrutar de São Paulo, onde desfilara várias vezes, mas sem tempo para conhecer a cidade.
E foi num desses dias, quando bebia um cocktail, sentada num balcão do hotel onde se acomodara, que o viu.
Os olhos encontraram-se.
Confiante, levantou o copo e sorriu.
Ele aproximou-se. E apresentou-se.
Ela convidou-o a sentar-se ao seu lado.
Sentia-se bela, sedutora, capaz de conquistar aquele homem que emanava charme e segurança, como ela gostava.
Ele pediu uma bebida, sugeriu ocuparem uma mesa lá fora, no jardim do hotel.
E a conversa rolou como se conhecessem há muito tempo.
Fez-lhe perguntas, ela respondeu.
Ele estava ali em negócios, era baiano, vivia no Rio, viajava por todos os cantos do mundo.
Puxou da cigarreira, ofereceu-lhe um cigarro.
Ela agradeceu. Não fuma.
Levava o cigarro à boca, formavam-se duas covinhas. Ela gostou. E ele expelia o fumo com classe.
Este gesto era demasiado tentador. Achou-se capaz de o conquistar.
E numa atitude atrevida, tirou-lhe o cigarro e levou-o à sua boca .
Era o flirt esperado.
E recordou aquele quadro de Almada Negreiros que tinha na parede da sala.

 

 

 

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