Comecei logo de manhã, no carro, enquanto esperava o miúdo que estava na terapia.
Não foi por desespero, porque me doía alguma parte do corpo.
Chorei porque o meu coração estava triste.
Chorei pelas histórias que leio em "Olhem para o Mundo com o Coração".
Chorei porque fui ao cemitério.
A primeira campa que vou é a dos meus avós paternos e onde está sepultado o meu irmão mais velho.
Vi uma gerbera amarela e um pequeno cravo cor-de-rosa.
Imediatamente pensei num dos meus dois irmãos, que raramente lá vão.
Depois fui à campa dos meus pais e da minha irmã mais velha.
Duas flores iguais, junto à fotografia dos meus pais.
Dei como certo o meu pensamento.
De seguida, fui à do meu cunhado.
Também tinha duas flores da mesmas cores.
Por fim, desci as escadas para ir às gavetas dos cremados.
Estão lá as cinzas do nosso tão querido, e excelente pessoa, amigo que faleceu há seis meses.
Aqui, estavam duas gerberas, amarela e branca.
Mas tinha um pormenor que me fez chorar.
O nosso amigo tinha uma grande colecção de carrinhos.
Disse que queria que alguns deles ficassem junto às suas cinzas.
E estarão, com certeza.
Mas este estava à vista, encaixado entre as flores que deixou e um pequeno ramo branco que alguém teria posto.
Eu sabia que o nosso amigo faria 70 anos na semana passada. Não tinha a certeza qual seria o dia.
Que linda homenagem!
Em casa, mandei mensagem a agradecer as flores que pôs nas campas dos nossos familiares.
Confirmou.
Fartei-me de chorar.
Gente boa vai embora muito depressa.
As passagens do livro de Gustavo Carona
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